Manchineri

quinta-feira, 25 de março de 2010

Ayahuasca e Xamanismo - Cultura Imaterial

Estima-se que o uso ritualístico da Ayahuasca remote a pré-história, apesar das evidências arqueológicas encontradas, como: potes, vasos, cuias e desenhos que comprovam o uso de plantas de poder, datarem de 2000 A.C. No Xamanismo da região Amazônica é muito comum encontrar este chá ou vinho dentro da ritualística de várias etnias. A Ayahuasca é obtida da decocção de um cipó e de uma folha, ambos endêmicos da região. O cipó, conhecido científicamente como Banisteriopsis caapi, popularmente como Jagube, Cipó, Mariri, Yagé, etc. E um arbusto da família Rubiaceae, Psychotria viridis, conhecido como Chacrona, Rainha, Folha, Tempero, etc. A ação da bebida sagrada se dá através de um componente Inibidor de MAO (Monoaminooxidase) e um triptamínico a N,N-dimetiltriptamina (DMT).

Esta bebida é tida como sagrada pelo apendizado e expansão da consciência que ela propicia a quem a ingere com um atributo indíspensável: o respeito; e atentando as regulações das quais são ensinadas ao longo de todos esses anos, por exemplo: dietas praticadas por pajés e curandeiros. Estes homens de conhecimento, a quem é designado a liderança e conduta espiritual-social de sua comunidade são exemplos de aprendizes de plantas, ambiente e imaterialidade. A ayahuasca é utilizada como uma espécie de planta, poção ou poder mágico da floresta que propicia a desconexão da alma de seu enredamento corpóreo, podendo assim, atingir outros níveis de frequências universais que estão fora do alcance da consciência comum. Podemos explicar melhor no mesmo sentido de como uma antena capta um sinal. Existem várias frequências sendo emitidas a todo momento, o que realmente muda é a sintonia deste aparelho. Assim, podemos perceber que a Ayahuasca é um mecanismo facilitador de sintonização de diferentes frequências que não são percebidas ou captadas pela consciência comum. Os curandeiros amazônicos entram nestas frequências para poder experimentar sensaçãoes, visões-formas, cores e vibrações, onde este novo conjunto de fatores carregam sua memória e consciência para novos horizontes e encontros com o Sagrado. O chá amazônico reativa a percepção de unidade onde a sinestesia faz com que a experiência adquirida nesses planos seja verdadeiramente sentida no interior do individuo, transfomando assim, conhecimento em sabedoria. Dentro dos propósitos das viagens desses xamãs está a cura, tanto física, quanto psiquica e espiritual. O xamã entra nessas visões e experimenta a sensação de poder ver ou sentir a doença. Por exemplo, uma doença psiquica pode formar um conglomerado energético diferente ao redor do campo energético-magnético do indivíduo, ou seja, as vibrações emitidas por aquele indivíduo são sentidas em frequências diferentes das consideradas normais. O xamã vê essas diferenças energéticas quando está sob o efeito da bebida, e com sons, vibrações e cantos, Icarando (Entoando), ele incide sobre o lugar doente fazendo com que aquele campo possa expelir ou vibrar na frequência ideal para a cura daquela pessoa. Normalmente existem instrumentos utilizados nessa aliança Xamã - Som - Vibração, como: o maracá (chocalho), tambor, cantos, imitações e assovios. Dentre estes sons o curandeiro escolhe aquele que irá cantar. Este canto, mais conhecido como "Icaro" é um instrumento de poder da sabedoria ancestral, geralmente composto por um conjunto de sílabas e fonemas de alta frequência (agudos) e baixa frequência (graves). Essa variância faz com que ocorra um ajuste do setor "sujo" (pelo mesmo princípio físico de construção e destruição de ondas) daquele campo doente. As vezes estes sons não tem significado linguístico ou aparece em idiomas desconhecidos, mas tem a mesma funcão de um "Mantra", onde o objetivo é expandir o campo vibracional, sensorial e existêncial, atraindo ou repelindo o que está disposto no Universo, tanto mental, quanto espacial e existencial. Dentre os outros objetivos ritualísticos temos o religioso, onde os pajés encontram a Unidade com o Grande Espírito, A Rainha da Floresta, Deus ou qualquer outro que signifique a Magnitute, Unidade, Universo e Amor. Esses homens entram na maior de todas as guerras, a do autoconhecimento e da autoexploração.

Pajés, curandeiros, xamãs ou homens de conhecimento e sabedoria foram e ainda são essenciais para a manutenção e sobrevivência desses povos, onde toda a imaterialidade conhecida é refletida na materialidade do cotidiano. E a Ayahuasca sempre proporcionou este encontro homem-natureza-mistério. E a verdade é entrar nessa imensidão do desconhecido, aprender, sentir, viver e perceber que a cooperação, união e o amor é o ciclo motor de tudo.

quarta-feira, 17 de março de 2010

O Roçado

Os índios sempre foram ótimos agricultores. Em suas plantações, mais conhecidas como "roçado", costumam cultivar diversos tipos de plantas, necessárias à sua subsitência. Dessa forma diminuem a distância e a busca por plantas floresta adentro.

Na hora de fazer o roçado escolhem a terra segundo a qualidade do solo. Não se planta onde o solo é duro e a terra não é boa. Nesse tipo de solo se planta cana e banana, por exemplo. O local também precisa ser bom para a derrubada e queimada.

Depois da escolha do local vem a marcação e o tamanho do roçado. Para marcar costumam fazer uma trilha grande com 2 ou 3 metros de largura aproximadamente. Dura em média 2 dias e vai dando forma ao roçado. Depois é aberta a trilha do meio, onde as pessoas andam pra frente e pra trás, pra receber comida, água e caiçuma.