Manchineri

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Educação e Ensino Superior - Inclusão, Oportunidade e Cultura

De 1997 a 2005, o número de estudantes indígenas cresceu 20 vezes. De 100 saltou para dois mil alunos, de acordo com a Coordenação Geral de Educação (CGE/Funai). Os números não são precisos, mas a dimensão aproximada já dá uma idéia. Essa inclusão acelerada esbarrou na falta de preparo das instituições responsáveis pela educação dos índios. Aproximadamente 60% desses alunos são levados a deixar de lado os estudos por falta de apoio. Normalmente, eles precisam de habitação, alimentação, transporte e ajuda para a aquisição de material escolar – necessidades mais freqüentes dos alunos que vivem em terras indígenas distantes dos centros urbanos. (FUNAI - Revista Brasil Indígena, 2006, ano III nº2, pg. 42)

Nesses "500 anos" de correrias, massacres, discriminação e lutas fizeram com que os indígenas buscassem os estudos ocidentais. Este tipo de conhecimento era necessário para a inclusão e para que suas vozes de revindicação fossem ouvidas.

Expressar era necessário. A marginalização da sociedade em relação aos povos destruiu grande parte da cultura. Os estudos eram a saída. A adaptação ao conhecimento do branco.

Os moldes tradicionais de ensino, porém, não são adequados para a educação escolar indígena. Uma vez que o trabalho indígena não rende capital, rende subsídio. Seu costume não é urbano , é do homem da floresta. Sua maneira de comunicar não é a mesma. É necessário uma adaptação educacional, onde o aprendizado seja voltado à sua cultura. O modelo que atualmente está sendo utilizado é o estudo diferenciado, onde se aprende com a natureza e preserva os conhecimentos culturais.

A formação de professores indígenas, que proporciona o ensino nas escolas de dentro das aldeias e que a interpretação também é indígena, se mostra com bons resultados. As pesquisas são feitas dentro da própria comunidade, resgatam histórias, lingua, costumes e tradição.

O ensino superior, de formação dos professores indígenas, está muito mais complicado. As instituições são distantes, as necessidades são diferentes, a adaptação é difícil. Porém o crescimento dos alunos é grande, a força de vontade de conhecer e instruir seu povo é maior. Na liderança do ranking está o curso de Licensiatura indígena, a formação dos educadores.

O povo Manchineri, de Assis Brasil - Acre, Terra Indígena Mamoadate - está dentro do programa de estudo diferenciado. Jaime
Lhulhu Sebastião Prishico Manchineri, professor indígena, formado pela Comissão Pró-Índio do Acre e pela UNEMAT - Universidade Estadual do Mato Grosso - Projeto 3º Grau indígena - Ciências da Matemática e da Natureza, diz: "Proporcionar o conhecimento indígena e o conhecimento ocidental nos trás melhorias. O conhecimento tradicional surge como fonte de aprendizado, todos da comunidade aprendem coisas do dia-a-dia na aldeia: medicina, caçar, pescar, nossas histórias e costumes. O conhecimento ocidental é sobre as tecnologias, o mundo do homem branco, que também é importante. Hoje convivemos com esses dois mundos, temos que aprender sobre eles."

O sistema diferenciado trouxe melhorias, explica Jaime. Porém, "
Precisamos focar os professores indígenas. É necessário a base da alfabetização, onde tudo começa. O estudo incial ainda está fraco, os professores indígenas ensinam os futuros professores indígenas, por isso precisam de mais qualificação."

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